quinta-feira, 5 de maio de 2011

Falta de conscientização do internauta eleva ameaças à privacidade na rede

Dia da Internet Segura prega navegação ética diante do crescimento de ameaças à privacidade de internautas que se expõem na web.

 Estudos e casos trouxeram à tona informações relevantes que apontam a falta de consciência de usuários com relação ao uso da internet, além de mostrar o que pode acontecer quando pais e filhos não sabem usar a tecnologia de forma segura e ética.
Para ilustrar o que pode 'dar errado' quando a rede é usada sem consciência, basta lembrar uma prática específica de cyberbullying - perseguição ilegal a crianças e jovens online - no MySpace, que levou ao suicídio de uma adolescente de 13 anos de idade. A tragédia ocorreu após a mãe de uma colega da vítima criar um perfil falso, fazendo-se passar por um adolescente que tentou atrair a jovem.

Este tipo de ameaça certamente levou os pais a repensarem a participação de seus filhos em
redes sociais. Infelizmente, contudo, eles pouco sabem o que seus filhos fazem na internet, segundo um estudo da SaferNet Brasil. Enquanto 84% dos brasileiros menores de 18 anos entrevistados afirmaram que contam seu nome verdadeiro na web, os pais acham que 66% das crianças o fazem.

Além disso, a própria SaferNet mostra que mais de 50% das crianças e jovens entrevistados já foram expostos a
conteúdos impróprios na web. Mesmo assim, 87% dos menores de 18 anos de idade não têm restrições de navegação online, e 72% compartilham fotos na rede.

Os conteúdos impróprios podem, inclusive, ter origem nos próprios jovens. Segundo o estudo Sex and Tech, uma em cada cinco adolescentes norte-americanas já enviou foto ou vídeo de
nudez própria aos amigos pela web.

Outra polêmica recente, que envolveu o Facebook, apontava que sua plataforma de publicidade, o
Beacon, colhia dados dos usuários da rede sem sua prévia permissão. Por isso, uma boa pedida na web é ler os termos de privacidade dos serviços utilizados para saber o que é feito com suas informações.

A impunidade não impera, contudo, em diversos aspectos. No Brasil, por exemplo, a rede social Orkut entregou à CPI da Pedofilia, em novembro do ano passado, o conteúdo de 18.500 álbuns com suspeita de
conteúdo pedófilo.

Audiência discutirá ética em pesquisas envolvendo seres humanos

Projeto em tramitação na Câmara estabelece regras para garantir o bem-estar dos participantes pesquisados.
A Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática realiza hoje audiência pública para discutir o Projeto de Lei 2473/03, que estabelece normas sobre as pesquisas que envolvam seres humanos. O debate foi sugerido pela relatora do projeto, deputada Cida Diogo (PT-RJ).
De acordo com a proposta, do deputado Colbert Martins (PPS-BA), as pesquisas com seres humanos só serão admissíveis quando oferecerem possibilidade de gerar conhecimento para entender, prevenir ou aliviar um problema que afete o bem-estar dos sujeitos da pesquisa e de outros indivíduos. O pesquisador responsável será obrigado a suspender a pesquisa imediatamente ao perceber algum risco ou dano à saúde do participante da pesquisa.
O texto define como sujeito da pesquisa o participante pesquisado, individual ou coletivamente, de caráter voluntário. A proposta proíbe qualquer forma de remuneração para esse participante.
Indenização
Segundo o projeto, o Comitê de Ética em Pesquisa de cada instituição deverá ser informado de todos os efeitos adversos ou fatos relevantes que alterem o curso normal do estudo. O pesquisador, o patrocinador e a instituição serão responsáveis por indenizar o paciente por dano eventual, imediato ou tardio, além de serem obrigados a prestar assistência integral ao sujeito da pesquisa. O direito à indenização por dano será irrenunciável.
Pesquisas no exterior
Nas pesquisas conduzidas do exterior ou com cooperação estrangeira, o pesquisador e as instituições nacionais corresponsáveis pelo estudo deverão ser identificados no Comitê de Ética em Pesquisa da instituição brasileira participante da pesquisa.
O protocolo deverá observar as exigências da Declaração de Helsinque (1964) e apresentar o documento de aprovação da pesquisa, no país de origem, para avaliação no Brasil. Os estudos patrocinados do exterior também precisarão responder às necessidades de treinamento de pessoal no Brasil para que o País possa desenvolver projetos similares de forma independente.
Crimes
Pelo projeto, serão consideradas crimes, sem prejuízo do Código Penal e de leis especiais, as seguintes condutas:
- expor a vida ou a saúde do sujeito da pesquisa a perigo direto ou iminente diverso dos riscos previsíveis da pesquisa. Pena de detençãoA detenção é um dos tipos de pena privativa de liberdade. Destina-se a crimes tanto culposos (sem intenção) quanto dolosos (com intenção). Na prática, não existe hoje diferença essencial entre detenção e reclusão. A lei, porém, usa esses termos como índices ou critérios para a determinação dos regimes de cumprimento de pena. Se a condenação for de reclusão, a pena é cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. Na detenção, cumpre-se em regime semi-aberto ou aberto, salvo a hipótese de transferência excepcional para o regime fechado. Há ainda prisão simples, prevista para as contravenções penais e pode ser cumprida nos regimes semi-aberto ou aberto. de 6 meses a 3 anos, se o fato não constituir crime mais grave;
- realizar pesquisa sem contar com o consentimento livre e esclarecido do sujeito da pesquisa e/ou de seu representante legal. Pena de reclusãoA reclusão é a mais severa entre as penas privativas de liberdade. Destina-se a crimes dolosos (com intenção). Na prática, não existe hoje diferença essencial entre reclusão e detenção. A lei, porém, usa esses termos como índices ou critérios para a determinação dos regimes de cumprimento de pena. Se a condenação for de reclusão, a pena é cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. Na detenção, cumpre-se em regime semi-aberto ou aberto, salvo a hipótese de transferência excepcional para o regime fechado. Há ainda prisão simples, prevista para as contravenções penais e pode ser cumprida nos regimes semi-aberto ou aberto. de 4 a 6 anos;
- deixar de comunicar às autoridades sanitárias os resultados da pesquisa, sempre que esses puderem contribuir para a melhoria das condições de saúde da coletividade. Pena de reclusão de 1 a 4 anos e multa.
As penas serão aumentadas em 1/3 se o crime for praticado contra sujeitos vulneráveis de pesquisa (os absolutamente e os relativamente incapazes, assim considerados pela legislação, e os índios).

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O carro do futuro será de plástico

Essa é apenas uma das tendências no setor automotivo, que fica ainda mais verde graças a baterias com maior autonomia e a reciclagem de combustíveis

Fred Leal
img2.jpgCONCEITO
As carrocerias dos quatro protótipos nas fotos foram feitas inteiramente com plástico
A última semana revelou novas perspectivas para que a indústria automotiva consiga se adaptar às exigências ambientais do consumidor moderno. Carros mais leves, com menor consumo de energia e maior rendimento e durabilidade, são tendência para os próximos anos, mas ainda não existe um modelo claro para a construção do primeiro carro popular ecológico. A tecnologia para que o objetivo seja alcançado encontra-se em plena fase de desenvolvimento e montadoras do mundo inteiro expõem suas melhores propostas em carros-conceito. Mesmo as marcas menores têm uma chance de crescimento graças à inovação: as melhores ideias podem partir de coisas tão simples e cotidianas quanto uma casca de banana.
O professor Alcides Leão, da Unesp, é um dos nomes que podem ajudar a reinventar a indústria automotiva. Ph.D. em ciência florestal pela Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, Leão e seus alunos desenvolveram em laboratório uma fibra de nanocelulose quase tão resistente quanto o Kevlar (usado em coletes à prova de bala), e até 30% mais leve. “São como membranas orgânicas que juntam dois materiais de características diferentes em um só, mais econômico e resistente”, explica Vitor Surian Gamba, mestrando em ciência florestal sob a tutela do professor Leão. O polímero combina fibras vegetais de plantas como a banana e o abacaxi a elementos plásticos derivados do petróleo, tornando-os até quatro vezes mais resistentes. O polímero foi apresentado no último dia 27, no 241º Encontro da Sociedade Química Americana, em Anaheim, no Estado da Califórnia.
O material tem tudo para substituir peças de alumínio e aço, tomando praticamente toda a estrutura dos veículos. Mas as inovações não ficam apenas do lado de fora: cientistas em lugares tão diferentes quanto Roma e o Estado americano de Illinois trabalham para desenvolver um novo modelo de bateria mais eficiente para os carros elétricos – que vivem um boom nos Estados Unidos, na Europa e em alguns países asiáticos. As novas baterias de Lítio-ion (Li-ion, mesmo material usado em aparelhos como celulares e laptops) prometem cargas mais rápidas e eficientes, garantindo maior autonomia para os veículos elétricos e reduzindo a dependência de combustíveis fósseis. Chamadas de “baterias de alta performance”, elas ainda vão ajudar a reduzir o consumo de energia dentro de casa, garantindo cargas mais rápidas em eletrônicos domésticos.
img1.jpg
img.jpgREALIDADE
Na foto acima, motorista recarrega a bateria de seu carro
em São Francisco; abaixo, chinesa faz o mesmo em Xiamen
Com uma proposta mais imediata para redução de danos, cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, apresentaram também na conferência da ACS um novo método para converter o óleo de motor usado em combustível limpo. A técnica de reciclagem usa aquecimento por micro-ondas, transformando o óleo (misturado com um material absorvente) em gases e líquidos reutilizáveis. O processo não é novo, mas passa a tornar se muito mais eficiente, reduzindo a emissão de poluentes na atmosfera. Anualmente, são despejados no meio ambiente cerca de 30 bilhões de litros de óleo de motor usado. Parte dele é convertida em combustível para aquecimento de edifícios, ou re-refinado como lubrificante mais uma vez. “De qualquer forma, ambos os usos estão longe do ideal, devido à poluição causada pela queima do óleo”, diz o pesquisador-chefe do projeto, Howard Chase.
A nova tendência de mercado ainda engatinha, com diversos projetos nunca saindo da fase de conceito e desenvolvimento. Por enquanto, ainda chegam ao consumidor final apenas reinterpretações de tecnologias conhecidas, que buscam reduzir o consumo de combustível a partir de peças mais leves e motores mais eficientes – quase sempre sacrificando o desempenho do carro, que acaba enquadrado em nichos de mercado específicos de consumidores urbanos.
Novidades como o plástico reforçado com fibra de carbono (CFRP), já utilizado em carrocerias de automóveis de luxo, ainda devem levar algum tempo para chegar às linhas de montagem de todo o mundo – mesmo após evoluções como a apresentada pela montadora japonesa Teijin, que revelou no começo de março um novo modelo para a produção em massa do material. O carro-conceito da Teijin é praticamente um esqueleto de automóvel, com cabine pesando apenas 47 kg (cerca de um quinto do peso de uma cabine tradicional) e usando bateria com 100 quilômetros de autonomia